A série Pateta Faz História nunca teve a pretensão de traçar a biografia completa de seus personagens. Em boa parte das vezes, as paródias limitam-se a abordar a infância de figuras célebres — para contextualizar datas, locais e ambientes — e depois narrar fatos significativos da trajetória de cada uma. A coleção, como veremos em alguns dos próximos volumes, também brinca com tipos ficcionais, extraídos de clássicos da literatura.
No caso de Cristóvão Colombo, o roteiro consome 11 páginas sugerindo que vieram da tenra idade as principais convicções daquele que se tornaria um dos pivôs das chamadas Grandes Navegações. Contrariado por tudo e por todos, o garoto insiste na tese de que nosso planeta é esférico e usa um balão de gás para sustentar seus argumentos. Em seguida, pinta nesse mesmo balão um mapa-múndi detalhado, com o Novo Mundo retratado com exatidão profética.
Sem parar de explorar lacunas e saltos temporais, a trama cita o conceito de gravidade, estabelecido por Newton dois séculos depois, além de incluir nos cenários vários itens típicos do mundo contemporâneo, como televisão, rádio, telefone, semáforo e agência de viagens. Tudo isso convida o leitor a procurar coerências e absurdos visuais cena após cena, julgando a pertinência de cada desenho numa HQ em que o nonsense dá o tom até o último quadro.
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PATETA FAZ HISTÓRIA como Johann Strauss II
Como você provavelmente já sabe, o pai de Johann Strauss II não fabricava salsichas. Nas páginas seguintes, porém, essa subversão histórica toma corpo em nome da sátira. Afinal, o embutido de carne, tal qual as valsas, confunde-se com a alma vienense — e propicia ótimas piadas no texto de Carl Fallberg.
A HQ que você vai ler agora, publicada pela primeira vez em português, de certa forma ridiculariza a maneira como o compositor de No Belo Danúbio Azul iniciou-se no universo da música , além de mencionar o preconceito que cercava as melodias mais dançantes numa cidade onde viveram e tocaram inúmeros compositores eruditos. Nesse sentido, a intolerância com que Paganini reage ao concerto improvisado de Pateta e Mickey aproxima-se do rigor exigido dos músicos da capital austríaca no século 19. Mas o que esperar de um lugar em que uma vítima de incêndio se vale da clave de sol para pedir socorro?
A trama sofre uma reviravolta quando entra em cena o imperador, um Bafo-de-Onça com longas suíças e um caneco de cerveja na cabeça, equilibrado sobre a coroa. Às vésperas de seu aniversário, o governante encomenda ao papai Pateta o maior salsichão do mundo.
Daí em diante, num dos raros momentos na série Pateta Faz História, o papel do Mickey ganha algum destaque: o camundongo é quem recruta instrumentistas ambulantes para formar a orquestra de Strauss.
Uma ironia do enredo é que o Bafo, tão habituado a cometer crimes nos gibis Disney, encontra-se na posição de vítima de um furto – problema que uma corte entediada, uma cachorrada faminta e uma valsa contagiante tratam de resolver.
Language
Portuguese
Pages
100
Format
Capa Dura
Publisher
Editora Abril
Release
May 08, 2022
ISBN 13
9788536411538
Pateta Faz História - Cristovão Colombo - Johann Strauss
A série Pateta Faz História nunca teve a pretensão de traçar a biografia completa de seus personagens. Em boa parte das vezes, as paródias limitam-se a abordar a infância de figuras célebres — para contextualizar datas, locais e ambientes — e depois narrar fatos significativos da trajetória de cada uma. A coleção, como veremos em alguns dos próximos volumes, também brinca com tipos ficcionais, extraídos de clássicos da literatura.
No caso de Cristóvão Colombo, o roteiro consome 11 páginas sugerindo que vieram da tenra idade as principais convicções daquele que se tornaria um dos pivôs das chamadas Grandes Navegações. Contrariado por tudo e por todos, o garoto insiste na tese de que nosso planeta é esférico e usa um balão de gás para sustentar seus argumentos. Em seguida, pinta nesse mesmo balão um mapa-múndi detalhado, com o Novo Mundo retratado com exatidão profética.
Sem parar de explorar lacunas e saltos temporais, a trama cita o conceito de gravidade, estabelecido por Newton dois séculos depois, além de incluir nos cenários vários itens típicos do mundo contemporâneo, como televisão, rádio, telefone, semáforo e agência de viagens. Tudo isso convida o leitor a procurar coerências e absurdos visuais cena após cena, julgando a pertinência de cada desenho numa HQ em que o nonsense dá o tom até o último quadro.
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PATETA FAZ HISTÓRIA como Johann Strauss II
Como você provavelmente já sabe, o pai de Johann Strauss II não fabricava salsichas. Nas páginas seguintes, porém, essa subversão histórica toma corpo em nome da sátira. Afinal, o embutido de carne, tal qual as valsas, confunde-se com a alma vienense — e propicia ótimas piadas no texto de Carl Fallberg.
A HQ que você vai ler agora, publicada pela primeira vez em português, de certa forma ridiculariza a maneira como o compositor de No Belo Danúbio Azul iniciou-se no universo da música , além de mencionar o preconceito que cercava as melodias mais dançantes numa cidade onde viveram e tocaram inúmeros compositores eruditos. Nesse sentido, a intolerância com que Paganini reage ao concerto improvisado de Pateta e Mickey aproxima-se do rigor exigido dos músicos da capital austríaca no século 19. Mas o que esperar de um lugar em que uma vítima de incêndio se vale da clave de sol para pedir socorro?
A trama sofre uma reviravolta quando entra em cena o imperador, um Bafo-de-Onça com longas suíças e um caneco de cerveja na cabeça, equilibrado sobre a coroa. Às vésperas de seu aniversário, o governante encomenda ao papai Pateta o maior salsichão do mundo.
Daí em diante, num dos raros momentos na série Pateta Faz História, o papel do Mickey ganha algum destaque: o camundongo é quem recruta instrumentistas ambulantes para formar a orquestra de Strauss.
Uma ironia do enredo é que o Bafo, tão habituado a cometer crimes nos gibis Disney, encontra-se na posição de vítima de um furto – problema que uma corte entediada, uma cachorrada faminta e uma valsa contagiante tratam de resolver.